O discurso do presidente Jair Bolsonaro (PL) na Assembleia Geral das Nações Unidas nesta terça-feira (20/09) foi notícia na imprensa internacional.
Entre os veículos que repercutiram o pronunciamento, muitos enxergaram um tom eleitoreiro da fala do mandatário brasileiro a menos de duas semanas para o pleito no qual ele concorre à reeleição.
“No palco mundial, o presidente brasileiro faz campanha pelo emprego que ele pode perder”, destacou o jornal americano The New York Times.
O veículo afirmou que o Bolsonaro gastou boa parte do tempo de seu discurso “resumindo suas conquistas antes das eleições” marcadas para 2 de outubro.
“O discurso pareceu uma apresentação relativamente plácida para os eleitores, o que provavelmente aliviou os líderes mundiais e diplomatas presentes”, diz a nota.
Segundo o jornal americano, há um temor entre a comunidade internacional de que Bolsonaro possa não aceitar o resultado das eleições.
“Seguindo a cartilha do ex-presidente Donald J. Trump, Bolsonaro vem questionando a confiabilidade do sistema eleitoral do Brasil há meses, apesar de poucas evidências de que eles sejam vulneráveis”, diz ainda o The New York Times, que cita também a reunião convocada pelo presidente em julho com embaixadores de diversos países, na qual Bolsonaro criticou sistema de votação eletrônica brasileiro.
O Clarín, da Argentina, qualificou o discurso como uma tentativa de Bolsonaro de transformar as Nações Unidas em palanque eleitoral.
“Jair Bolsonaro fez campanha na ONU e atacou Lula: ‘Banimos a corrupção da esquerda'”, diz o título da matéria publicada pelo portal do jornal.
O veículo afirmou que o discurso de 15 minutos teve “fortes conotações de um evento de campanha” e dirigiu uma mensagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando o mandatário brasileiro afirmou que seu governo “baniu a corrupção da esquerda”.
“Em mensagem claramente para consumo interno no Brasil, Bolsonaro aproveitou a janela global da Assembleia para fazer campanha como já havia feito em Londres, durante o funeral da rainha Elizabeth 2ª”, diz ainda a reportagem.
Enquanto isso, o jornal italiano La Stampa afirmou que o presidente concentrou a maior parte de seu discurso “nas iniciativas eleitorais de seu governo”
“Primeiramente, Bolsonaro (que está entre os principais negacionistas da covid) ostentou os resultados sobre a pandemia, afirmando que 80% da população está vacinada. Em seguida, enumerou os esforços para modernizar a economia brasileira: ‘A economia está de volta’, diz, lembrando que seu país é o sétimo mais digitalizado do mundo, e depois falando sobre inovações em infraestrutura”, diz o meio de comunicação.
Outros veículos que também repercutiram o pronunciamento deram mais ênfase às declarações sobre a guerra na Ucrânia feitas por Bolsonaro.
A agência de notícias Reuters afirmou que o presidente “pediu ‘cessar-fogo imediato’ na Ucrânia”.
O veículo chamou a atenção ainda para as críticas feitas pelo mandatário às sanções aplicadas contra a Rússia.
“Bolsonaro disse que o Brasil não vê as sanções unilaterais como a melhor maneira de lidar com o conflito, acrescentando que uma solução só seria alcançada por meio de diálogo e negociações”, diz a reportagem.
Já a agência Associated Press destacou que Bolsonaro “reiterou sua disposição de promover negociações para resolver o conflito entre Rússia e Ucrânia, pedindo um cessar-fogo, mas renunciando a sanções e isolamento econômico”.
A AP também salientou o tom do discurso às vésperas da eleição.
“O líder de extrema-direita, que busca a reeleição no próximo mês, também usou seu discurso para promover os méritos de seu governo. Seu discurso focou fortemente na economia, a começar pelo generoso programa de assistência social distribuído a milhões de brasileiros durante a pandemia, e que foi recentemente renovado até dezembro”, diz a reportagem.
A emissora americana CNN também dedicou algum espaço ao pronunciamento e às declarações do presidente brasileiro sobre a necessidade de um cessar-fogo na Ucrânia.
“Bolsonaro disse que o Brasil não vê as sanções contra a Rússia como uma maneira viável de acabar com o conflito de sete meses, que começou após a invasão russa da Ucrânia”, diz o texto publicado no site do canal de televisão.
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