• Christy Cooney e George Bowden
  • BBC News

Crédito, PA Media

Prisões de manifestantes antimonarquia ocorridas no Reino Unido após a morte da rainha Elizabeth 2ª são “profundamente preocupantes”, advertem defensores da liberdade de expressão.

A polícia da Escócia prendeu duas pessoas nos últimos dias, enquanto um homem foi detido e liberado na sequência em Oxford, na Inglaterra.

As prisões ocorreram em eventos para marcar a morte da rainha e para proclamar o reinado do rei Charles 3º.

Em Londres, onde as filas já começam a se formar para o velório da monarca, a Metropolitan Police, a polícia londrina, afirma que as pessoas “têm o direito de protestar”.

No domingo (11/09), uma mulher de 22 anos foi acusada de perturbação da ordem pública após ser presa durante uma proclamação de ascensão do rei Charles do lado de fora da Catedral de St Giles, em Edimburgo.

Mais tarde, ela foi libertada, e deverá comparecer à justiça em uma data posterior.

No mesmo dia, Symon Hill, de 45 anos, foi detido por suspeita de ofensa à ordem pública depois de gritar “quem o elegeu?” durante outra proclamação de ascensão em Oxford, na Inglaterra.

A polícia de Thames Valley informou que ele foi liberado mais tarde e estava colaborando com os policiais “voluntariamente”.

Na segunda-feira (12/09), um homem de 22 anos foi preso por perturbação da ordem pública depois de supostamente incomodar o príncipe Andrew, filho da rainha, enquanto a procissão real se deslocava ao longo da avenida Royal Mile de Edimburgo.

Ruth Smeeth, executiva-chefe do Index on Censorship, afirma que as prisões são “profundamente preocupantes”.

“Devemos nos proteger contra este evento ser usado, por acaso ou de propósito, para corroer de alguma forma a liberdade de expressão que os cidadãos deste país desfrutam.”

Silkie Carlo, diretora da Big Brother Watch, diz que os policiais tinham o “dever de proteger o direito das pessoas de protestar tanto quanto têm o dever de viabilizar o direito das pessoas de expressar solidariedade, tristeza ou prestar suas homenagens”.

Jodie Beck, oficial de políticas e campanhas da Liberty, destaca que é “muito preocupante ver a polícia aplicando seus amplos poderes de maneira tão opressiva e punitiva”.

“Protesto não é um presente do Estado, é um direito fundamental”, diz ela.

Crédito, Reuters

Legenda da foto,

A expectativa é de que um grande número de pessoas se reúna na capital na próxima semana

Também na segunda-feira, um manifestante segurando um cartaz dizendo “não é meu rei” do lado de fora do parlamento, antes da chegada do monarca ao Westminster Hall, foi retirado pela polícia.

A Metropolitan Police disse que um membro do público havia sido convidado a se retirar do lado de fora do Palácio de Westminster “para viabilizar o acesso de veículos e a saída pelos portões”, mas não havia sido preso ou convidado a deixar a área mais ampla.

A Metropolitan Police também respondeu a um vídeo que circula nas redes sociais no qual se ouve um oficial pedindo os detalhes de um homem que havia segurado um pedaço de papel em branco e manifestado a intenção de escrever “não é meu rei”.

Escuta-se o oficial — que seria de outra força enviada para reforçar a Metropolitan Police — dizendo que a mensagem “pode ​​ofender as pessoas”.

“O público tem totalmente o direito de protestar, e temos deixado isso claro para todos os policiais envolvidos na operação extraordinária de policiamento atualmente em andamento”, diz uma declaração do vice-comissário, Stuart Cundy.

Cerca de 1,5 mil militares vão trabalhar ao lado de policiais e comissários civis para gerenciar o grande número de pessoas que devem se reunir em Londres na próxima semana.

O novo comissário da Metropolitan Police, Mark Rowley, disse que seu efetivo enfrenta um “grande desafio”.

“Teremos um evento seguro, mas vamos colocar milhares de policiais nisso por causa do nível de segurança exigido e das milhões de pessoas que querem prestar suas homenagens”, afirmou.

O porta-voz da primeira-ministra britânica, Liz Truss, não quis comentar sobre prisões individuais, mas disse: “Mais amplamente, obviamente, este é um período de luto nacional para a maioria, a vasta maioria do país”.

“Mas o direito fundamental de protestar continua sendo a pedra angular da nossa democracia.”