• Hugo Bachega, Orla Guerin, Matt Murphy
  • BBC News

Crédito, EPA

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Soldado ucraniano ao lado de veículo russo na região de Kharkiv, na última sexta-feira

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse no domingo (11/09) que suas forças retomaram mais de 2.000 quilômetros quadrados em uma contra-ofensiva rápida no leste da Ucrânia.

Sua última atualização, se confirmada, significa que as forças de Kiev mais que dobraram seus ganhos em pouco mais de 24 horas.

O rápido avanço da Ucrânia fez com que as tropas entrassem nas principais cidades de Izyum e Kupiansk no sábado (10/09).

Mas as autoridades de defesa do Reino Unido afirmaram que os combates continuam fora dessas cidades.

E autoridades em Kiev disseram que as forças ucranianas ainda estão lutando para obter o controle de vários assentamentos ao redor de Izyum, acrescentando que mais de 30 cidades e vilarejos foram retomados na região de Kharkiv.

O Ministério da Defesa da Rússia confirmou a retirada de suas forças de Izyum e Kupiansk, que, segundo o órgão, permitiria que suas forças “se reagrupassem” em território controlado por separatistas ucranianos apoiados por Moscou.

Legenda do vídeo,

Vídeo: Soldados ucranianos entram na cidade de Kupiansk

O ministério russo também confirmou a retirada das tropas de uma terceira cidade importante, Balaklyia, a fim de “reforçar os esforços” na frente de Donetsk. Forças ucranianas entraram na cidade na sexta-feira (09/09).

Enquanto isso, o chefe da administração instalada pela Rússia na região de Kharkiv recomendou que seu povo evacuasse para a Rússia “para salvar vidas”.

Imagens não verificadas nas mídias sociais pareciam mostrar longas filas de veículos nas passagens de fronteira.

E o governador da região fronteiriça de Belgorod, na Rússia, disse que suprimentos, aquecimento e assistência médica estarão disponíveis para as pessoas na fila.

O ritmo do contra-ataque não só pegou os russos desprevenidos mas também surpreendeu alguns ucranianos.

Mas os russos ainda detêm cerca de um quinto do país, e poucos imaginam um fim rápido para a guerra.

Os avanços ucranianos, se mantidos, seriam as mudanças mais significativas na linha de frente desde que a Rússia se retirou de áreas ao redor de Kiev, em abril.

Kupiansk serviu como principal centro de abastecimento oriental da Rússia e a perda de Izyum, que Moscou passou mais de um mês tentando tomar no início da guerra, seria vista como uma grande humilhação para o presidente russo, Vladimir Putin.

De acordo com um especialista militar, o avanço marca a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial que unidades russas inteiras foram perdidas.

Os ganhos também serão vistos como um sinal de que o exército ucraniano tem capacidade para retomar o território ocupado – algo crucial, pois Kiev continua a pedir apoio militar a aliados ocidentais que estão sob pressão.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que os últimos acontecimentos mostraram que suas forças podem acabar com a guerra mais rapidamente com mais armas ocidentais.

Aos jornalistas foi negado o acesso às linhas de frente, e a Ucrânia está determinada a controlar a guerra de informação.

No sábado (10/09), as autoridades de defesa do Reino Unido sugeriram que grande parte da área retomada estava sendo apenas “levemente mantida”.

A Ucrânia lançou sua contra-ofensiva no leste no início desta semana, enquanto a atenção internacional estava focada em um avanço antecipado perto da cidade de Kherson, no sul.

Analistas acreditam que a Rússia redirecionou algumas de suas tropas mais experientes para defender a cidade.

Mas, além de ganhar terreno no leste, a Ucrânia também está obtendo ganhos no sul, segundo uma autoridade.

Nataliya Gumenyuk, porta-voz do comando sul do exército ucraniano, disse que eles avançaram “entre duas e várias dezenas de quilômetros” ao longo dessa frente.

Mas diz-se que as forças russas que lutam na frente sul se entrincheiraram em posições defensivas, e as tropas ucranianas enfrentaram forte resistência desde o início da ofensiva.

E na própria Kharkiv, uma pessoa foi morta e várias casas foram danificadas no sábado quando foguetes russos atingiram a cidade, segundo autoridades locais.

Em outro local, a reguladora de energia da Ucrânia, Energoatom, diz que o último reator da usina nuclear de Zaporizhzhia, ocupada pela Rússia, foi desligado e não está gerando eletricidade.

O reator gerava energia para a própria usina há três dias. Ele foi desligado quando a energia externa foi restabelecida.

A reguladora ucraniana disse que, para evitar uma emergência, era essencial interromper o bombardeio das linhas de energia que ligam a estação à rede nacional.

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