Um momento de ternura ou algo mais sinistro?
A imagem parece mostrar um bonobo abraçando um pequeno mangusto como se fosse um querido animal de estimação. Mas, em vez disso, talvez o macaco tenha pegado o filhote de mangusto para comer no jantar depois de ter matado sua mãe.
Porém, isso seria incomum — os bonobos se alimentam principalmente de frutas e só caçam de vez em quando.
O comportamento intrigante foi fotografado por Christian Ziegler na República Democrática do Congo.
A foto fascinante foi selecionada como altamente recomendada na 58ª edição do concurso Wildlife Photographer of the Year (WPY) do Museu de História Natural de Londres.
A lista dos finalistas foi revelada nesta quinta-feira (01/09), e os vencedores serão anunciados em outubro.
Christian estava seguindo o grupo de bonobos, “submerso até o peito na floresta alagada” do Parque Nacional de Salonga há dias, quando avistou o jovem macho segurando o pequeno mangusto na mão.
“Fiquei muito surpreso ao ver como ele carregava o mangusto com tanto cuidado. Comecei imediatamente a segui-lo e documentá-lo”, diz o fotógrafo à BBC News.
Segundo ele, o macaco segurou e acariciou o pequeno mangusto por mais de uma hora.
Mas poderia estar planejando comê-lo.
Quando os bonobos capturam a presa, eles não a matam imediatamente — em vez disso, começam a comer quando ainda estão vivas, de acordo com Barbara Fruth, diretora do Projeto LuiKotale Bonobo, que observa esses animais há mais de 20 anos.
Mas, às vezes, se o jantar for muito farto e o macaco ficar satisfeito, ele trata as presas vivas que sobraram como animais de estimação. Normalmente, esses animais são comidos mais tarde.
Fruth acredita que é provavelmente isso que estava acontecendo na foto.
Ela destaca que os bonobos são conhecidos por sua natureza gentil, empática e pacífica.
“Sabemos que em cativeiro os bonobos cuidam de indivíduos que não são de sua própria espécie”, diz a especialista.
Na natureza, no entanto, é improvável que um bonobo cuide de outra espécie como animal de estimação no longo prazo, segundo ela.
Mas Fruth não descarta a ideia de que os macacos mantenham outros animais como acessórios para atrair o interesse de outros membros do grupo e, assim, elevar seu status.
No fim das contas, este mangusto teve um final feliz — o bonobo acabou soltando seu “animal de estimação”, que saiu ileso.
O mistério por trás da foto faz parte do seu fascínio para os jurados do concurso do Museu de História Natural.
Natalie Cooper, pesquisadora sênior do Museu de História Natural, selecionou os finalistas com seus colegas do júri dentre quase 40 mil inscritos em 20 categorias.
“Estamos procurando imagens tecnicamente brilhantes — aquelas que você vê uma vez e acorda na manhã seguinte ainda pensando nela”, afirma.
O WPY se tornou uma das competições mais prestigiadas do tipo. Foram recebidas inscrições de 93 países para o evento deste ano.
Os vencedores das categorias e do Grande Prêmio serão anunciados durante uma cerimônia no Museu de História Natural de Londres em 11 de outubro.
A exposição anual das melhores fotos, realizada no museu, será aberta em 14 de outubro.
‘The right look’, de Richard Robson, Nova Zelândia
Nesta imagem de Richard Robson, ele e sua câmera se tornaram objeto de fascínio desta jovem baleia-franca-austral. O encontro durou 30 minutos, com a baleia nadando em volta dele, se afastando e voltando para dar mais uma olhada.
As baleias foram caçadas chegando à beira da extinção nos séculos 19 e 20. Mas a população de baleias-francas, conhecidas como ‘tohorā’ em maori, está se recuperando depois que a caça foi proibida.
Categoria – Retratos de Animais
‘Underwater wonderland’, de Tiina Törmänen, Finlândia
Um cardume de percas curiosas encontrou a fotógrafa Tiina Törmänen enquanto ela fazia snorkel num lago em Posio, na Lapônia.
O crescimento excessivo das algas, que lembram nuvens, resultado das mudanças climáticas e do aquecimento das águas, pode causar um problema para a vida aquática quando elas consomem oxigênio e bloqueiam a luz solar.
Categoria – Subaquática
‘The lost floods’, de Jasper Doest, Zâmbia
O fotógrafo holandês Jasper Doest capturou Lubinda Lubinda, gerente de estação da Autoridade do Rio Zambeze, em frente à sua nova casa (à direita), que ele não precisou construir tão alto quanto a última devido aos níveis de água mais baixos.
As mudanças climáticas e o desmatamento resultaram em mais secas na planície aluvial do Zambeze.
“Podemos falar sobre mudanças climáticas à exaustão, mas até que você veja a realidade do problema na tela à sua frente, é difícil se conectar com esse assunto”, diz Natalie Cooper sobre a importância da imagem.
‘Polar Frame’, de Dmitry Kokh, Rússia
Mais de 20 ursos polares tomaram conta da ilha Kolyuchin, na Rússia, abandonada desde 1992, em busca de comida. Com as mudanças climáticas reduzindo o gelo marinho, os ursos polares estão com mais dificuldade de caçar, indo vasculhar mais perto de assentamentos humanos. Um drone de baixo ruído foi usado para capturar a imagem impressionante.
Categoria – Retratos de Animais
‘Treefrog pool party’, de Brandon Güell, Costa Rica
Aqui o fotógrafo atravessou com água na altura do peito para capturar um frenesi de reprodução ao amanhecer. Você quase pode ouvir os chamados de acasalamento dos sapos planadores machos enquanto as fêmeas colocam seus ovos em folhas — cerca de 200 de cada vez —, que mais tarde caem na água como girinos.
Categoria – Comportamento: Anfíbios e Répteis
‘The snow stag’, de Joshua Cox, 8 anos, Reino Unido
Joshua tem agora oito anos, mas tinha apenas seis quando registrou este majestoso cervo durante uma intensa nevasca no Richmond Park, em Londres. Ele começou a usar uma câmera de brinquedo quando era bebê e evoluiu para uma câmera compacta pouco antes desta foto ser tirada.
“Parecia que ele estava tomando um banho de neve”, diz Joshua.
Categoria – 10 anos ou menos
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