Crédito, NASA

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Aviões T-38, equipamento de treinamento de astronautas na Nasa, sobrevoam o SLS na plataforma de lançamento

A Nasa cancelou nesta segunda-feira (29/8) o lançamento de um foguete que faz parte de um projeto da agência espacial americana para que seres humanos retornem à Lua.

O diretor de lançamento da Nasa, Charlie Blackwell-Thompson, anunciou que o lançamento do foguete Artemis I foi cancelado como resultado de um problema no motor, disse a Nasa.

Segundo o correspondente de ciências da BBC News, Jonathan Amos, os engenheiros não conseguiram resfriar o motor do veículo espacial para sua temperatura operacional correta.

Eles acabaram ficando sem tempo na janela de lançamento de duas horas para resolver o problema, informou a Nasa.

Inicialmente, os engenheiros já haviam demonstrado preocupação com o que parecia ser uma rachadura no topo do foguete, mas acabaram determinando que era apenas um acúmulo de gelo.

O novo foguete gigante lunar do Space Launch System (SLS) está em uma “configuração estável”, e os engenheiros coletarão dados para entender o que deu errado.

O foguete deveria ter sido lançado às 8h33, horário da Flórida (9h33 no horário de Brasília).

A próxima oportunidade disponível para o lançamento acontecer é na sexta-feira, dia 2 de setembro, disse a Nasa, embora isso ainda dependa da correção do problema do motor.

Mas é possível que o foguete precise voltar para o prédio de montagem no Centro Espacial John F. Kennedy (KSC) para um trabalho mais extenso. Isso pode fazer com que o lançamento seja adiado para outra data, ainda em setembro.

O adiamento frustrou os planos de centenas de milhares de pessoas que se deslocaram até a Flórida para ver o foguete.

O SLS, que seria lançado do Centro Espacial John F. Kennedy, em Cabo Canaveral (Flórida), é o veículo mais poderoso já desenvolvido pela Nasa e será a base de seu projeto Artemis, que visa colocar pessoas de volta à superfície lunar após 50 anos.

A missão lunar estabelecerá as bases para voos para Marte na década de 2040.

Seu trabalho será impulsionar uma cápsula de teste, chamada Orion, para longe da Terra.

Essa espaçonave vai dar uma volta ao redor da Lua em um grande arco antes de voltar para casa em um mergulho no Oceano Pacífico, em seis semanas.

A Orion não tem tripulação neste momento, mas supondo que todo o hardware funcione como deveria, os astronautas embarcarão para uma futura série de missões cada vez mais complexas, a partir de 2024.

“Tudo o que estamos fazendo com este voo Artemis I, estamos avaliando o que podemos provar e o que podemos demonstrar que reduzirá o risco para a missão tripulada Artemis II”, explicou Randy Bresnik, astronauta da Nasa, antes do lançamento.

Análise de Rebecca Morelle, editora de ciência

Artemis é o Apollo para uma nova geração?

Em 1969, quando Neil Armstrong (130-2012) e Buzz Aldrin deram seus primeiros pequenos passos na Lua, inauguraram uma era de ouro da exploração espacial. O programa Apollo transformou a forma como vemos nosso planeta e a nós mesmos. Agora, 50 anos depois, a Lua está novamente na mira da humanidade. E para aqueles que nunca testemunharam as missões Apollo por si mesmos, a esperança é que Artemis inspire uma nova geração.

As novas missões serão diferentes. A Nasa está planejando pousar a primeira mulher e a primeira pessoa negra na Lua — mostrando que a exploração espacial está aberta a todos. E a superfície lunar é apenas o começo. A ambição da Nasa está ainda mais longe; seus olhos estão em Marte. E isso realmente será um salto gigante para experimentar.

Os planos de lançamento previam que o SLS puxasse 39,1 meganewtons (8,8 milhões de libras) de empuxo da plataforma. Isso é quase 15% a mais do que os foguetes Saturn V que enviaram os astronautas da Apollo a caminho da Lua nas décadas de 1960 e 1970.

Dito de outra forma, os motores do SLS poderiam alimentar o equivalente a quase 60 jatos supersônicos Concorde na decolagem.

“Este foguete é maior, mais barulhento e mais impressionante do que qualquer outro que você já viu antes”, disse Lorna Kenna, vice-presidente do Jacobs Space Operations Group, um grande empreiteiro da Kennedy. “Não há nada como sentir o som — não apenas ouvi-lo, mas senti-lo passar por você.”

O objetivo principal da missão, na verdade, vem bem no final.

Os engenheiros estão mais preocupados em ver o escudo de calor da Orion lidando com as temperaturas extremas que encontrará na reentrada na atmosfera da Terra.

Orion chegará muito rápido — a 38.000 km/h (24.000 mph), ou 32 vezes a velocidade do som.

“Mesmo o carbono-carbono reforçado que protegia o ônibus espacial só era bom para cerca de 3.000 graus Fahrenheit (1.600°C)”, disse Mike Hawes, gerente do programa Orion da fabricante aeroespacial Lockheed Martin.

“Agora, estamos chegando a mais de 4.000 graus (2.200°C). Voltamos ao material ablativo da Apollo chamado Avcoat. Está em blocos, com um preenchimento, e testar isso é uma alta prioridade.”

Essa missão é um grande momento não apenas para a Nasa, mas para a Agência Espacial Europeia. Ela forneceu o módulo de serviço para Orion. Trata-se da seção traseira que empurra a cápsula através do espaço. É uma contribuição que a Europa espera que leve seus cidadãos a serem incluídos em futuras viagens à superfície da Lua.

Missões até Artemis IX estão sendo planejadas. Nesse estágio, deve haver veículos itinerantes na Lua para os astronautas usarem.

Mas, em última análise, Artemis é vista como um campo de provas para levar as pessoas a Marte.

“O cronograma para isso foi estabelecido pelo presidente Obama. Ele disse que 2033”, lembrou o administrador da Nasa, Bill Nelson. “Cada administração sucessiva apoiou o programa e o prazo realista que agora estou informado é o final da década de 2030, talvez 2040”.

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