Festival Recifense de Literatura A Letra e a Voz volta às ruas da cidade, neste fim de semana, para celebrar sua 19ª edição

No próximo fim de semana, a literatura invade a geografia do Recife, tomando conta do bairro que foi cenário e protagonista dos primeiros capítulos da história da cidade. Entre os próximos dias 26 e 28, o Festival Recifense de Literatura A Letra e a Voz retoma sua programação presencial na Avenida Rio Branco, que servirá de inspiração e moldura para a celebração às produções e vocações literárias da capital da poesia. Gratuitas e abertas ao público, as atividades são realização da Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife.

Reunindo nomes como Maria Valéria Rezende, Luna Vitrolira, Ester Liu, Renna Costa e Yakecan Potyguara, o Festival chega à sua 19ª edição com o tema Diásporas, evocando a vocação portuária da cidade e pensando a relação de sua gente e sua geografia com os diversos fluxos de pessoas e ideias ao longo da história da capital pernambucana, forjada anfitriã e entreposto portuário e palco de uma importante rota de interlocução com outros países e continentes.

Além das tradicionais mesas de debate, recitais e contações de história, o Festival volta a ocupar o asfalto do cotidiano da cidade em formato disruptivo e cheio de novidades. Vai ter batalha de rima no lugar das tradicionais mesas de glosa e atrações musicais para embalar os ânimos do fim de semana literário, que contou este ano com a curadoria inédita do poeta, escritor e editor Fred Caju e da escritora e professora de literatura da Universidade Federal de Pernambuco Renata Pimentel.

Entre as principais atrações da programação, as chamadas batalhas são um gênero tipicamente periférico da poesia oral, em que dois poetas se desafiam, improvisando rimas sobre alguma temática. Durante o Festival, a peleja vai longe. E deve alcançar a Espanha, numa alusão à candidatura do Recife como Cidade Cervantina, com o objetivo de fazer a capital pernambucana integrar uma rede de destinos articulados pelo governo espanhol para celebrar a obra de Cervantes.

As batalhas terão ainda como tema dois importantes poetas periféricos do Recife, recentemente falecidos: Japa e Miró, que se encantaram, não sem antes encantar as ruas para morar na posteridade literária da cidade. Japa e seus versos ligeiros, que tinham ampla circulação e representação nos coletivos de cultura negra, será ainda um dos homenageados desta edição do Festival, que celebra também a poetisa, escritora, educadora, contadora de histórias e pesquisadora da cultura popular Inaldete Pinheiro, autora fundamental da literatura negra contemporânea.

Diaspórica ao pé da letra – e da voz -, a programação deste 19º Festival de Literatura traz a descentralização como princípio e premissa. A Rio Branco seguirá sede do evento, mas a programação se espalhará por vários pontos da cidade: vai ter recital na estátua de Janice Japiassu, na Boa Vista, na sexta (26), a partir das 11h, e recital também no Mercado da Boa Vista, no sábado (27), às 14h. Isso sem falar na programação formativa, que descolou por completo da artística, na geografia e no calendário: acontecerá nestas quarta e quinta-feira (24 e 25), levando oficinas sobre mote e glosa; declamação; prosa, papelão e poesia; e narrativas breves para dentro do Compaz Eduardo Campos e do Compaz Ariano Suassuna, para fabricar literatura com cidadania.

Festa do Livro – Com o título Festa do Livro Miguel de Cervantes, a feira funcionará na Avenida Rio Branco, de sexta a domingo próximos, durante a programação artística do Festival. Serão 17 livreiros, sebos e editoras independentes, que promoverão de lançamento de títulos a promoções e vendas regulares de publicações com perfis diversos, para convidar todos os públicos à leitura.

Circuito da Poesia – Além de celebração, posteridade. Esculpindo memória em pedra para assegurar novos sentidos às texturas urbanas, a programação do domingo, derradeiro dia de Festival, contará com a inauguração de mais uma estátua para o Circuito da Poesia, às 15h, em homenagem ao livreiro e fomentador cultural Tarcísio Pereira, que formou e congregou tantas gerações de artistas, poetas, escritores e leitores entre as generosas prateleiras de sua icônica Livraria Livro 7.

Assinada pelo artista Demétrio Albuquerque, a estátua ficará na Rua Sete de Setembro, na esquina com a Avenida Conde da Boa Vista, perto de onde funcionou, entre os anos 1970 e 2000, um dos espaços culturais mais importantes da cidade, investindo na promoção sistemática de eventos e lançamentos literários, com a participação contumaz de nomes ilustres como Gilberto Freyre e Ariano Suassuna, entre tantos outros, sendo portas sempre abertas para iniciados e iniciantes nas artes, com mais de 60 mil livros nas prateleiras e menção honrosa até no Guiness Book como a maior livraria do Brasil.

A estátua será o 20ª monumento a integrar o Circuito da Poesia, que celebra ainda outros grandes nomes da literatura e da música recifense em paisagens da cidade que refletem suas obras: Manuel Bandeira (Rua da Aurora); João Cabral de Melo Neto (Rua da Aurora); Capiba (Rua do Sol); Carlos Pena Filho (Praça do Diário); Clarice Lispector (Praça Maciel Pinheiro); Antônio Maria (Rua do Bom Jesus); Ascenso Ferreira (Cais da Alfândega); Chico Science (Rua da Moeda); Solano Trindade (Pátio de São Pedro); Luiz Gonzaga (Praça Mauá); Mário Mota (Pátio do Sebo); Joaquim Cardozo (Ponte Maurício de Nassau); Ariano Suassusa (Rua da Aurora); Alberto da Cunha Melo (Parque 13 de Maio); Celina de Holanda (Avenida Beira Rio); Liêdo Maranhão (Praça Dom Vital); Naná Vasconcelos (Marco Zero); Reginaldo Rossi (Pátio de Santa Cruz); e Janice Japiassu (Rua do Príncipe).

PROGRAMAÇÃO 19º FESTIVAL RECIFENSE DE LITERATURA: A LETRA E A VOZ

Oficinas – De 24 a 26 de agosto

Recitais, mesas, apresentações e Festa do Livro – De 26 a 28 de agosto

OFICINAS:

Dia 24 (Quarta-feira)

Oficina de declamação, com Gleison Nascimento

Das 14h às 18h, no Compaz Eduardo Campos

Oficina Narrativas Breves, com Raimundo de Morais

Das 14h às 16h, no Compaz Ariano Suassuna

Dia 25 (Quinta-feira)

Oficina Prosa, papelão e poesia, com Flávia Gomes

Das 9h às 13h, no Compaz Ariano Suassuna

Oficina Narrativas Breves, com Raimundo de Morais

Das 14h às 16h, no Compaz Ariano Suassuna

Oficina de mote e glosa, com Luna Vitrolira

Das 14h às 18h, no Compaz Eduardo Campos

RECITAIS, MESAS E APRESENTAÇÕES:

DIA 26 (SEXTA-FEIRA)

10h – Recital da poeta Anaíra Mahin, ao lado da estátua de Janice Japiassu

Local: Rua do Príncipe (na calçada em frente à Universidade Católica)

19h – Mesa: Diásporas amefricanas: “este corpo carrega a realidade”

Com Inaldete Pinheiro de Andrade, Yakecan Potyguara

Mediação: Odailta Alves

Local: Rio Branco

DIA 27 (SÁBADO)

14h – Contação de História, com Kemla Baptista

Local: Rio Branco

14h – Recital Viva Miró

Com Aline Souza, Graça Nascimento, Pollyanne Carlos, Priscila Ferraz, Philippe Wollney, Tacio Russo

Local: Mercado da Boa Vista

16h – Mesa: Literatura é matéria orgânica

Com Joy Thamyres e Geisiara Lima

Mediação: Jaqueline Fraga

Local: Rio Branco

19h – Mesa: Oralituras: palavra, música e performance

Com Renna Costa e Jéssica Caitano

Mediação: Taynã Olimpia

Local: Rio Branco

21h – Show: Arrastão de frevo com Orquestra 100% mulher

Local: Rio Branco

DIA 28 (DOMINGO)

10h – Contação de História, com Roma Júlia

Local: Rio Branco

15h – Inauguração da estátua de Tarcísio Pereira, com recital de Rafael Setestrelo

Local: Rua Sete de Setembro, próximo à Avenida Conde da Boa Vista

16h – Mesa: Como fabular o mundo que se quer?

Com Maria V Resende e Ezter Liu

Mediação: Thays Albuquerque

Local: Rio Branco

19h – Batalha: Lutas Cervantinas

Com Adelaide, Arthur Novais Alves Carneiro, Daniele Alexandrina da Costa (Bruxa), Matheus Henrique Lucena de Araújo e José Matheus Ferreira dos Santos (Teteu Batatinha)

Local: Rio Branco

20h30 – Show: Coco de Mulheres

Local: Rio Branco

FESTA DO LIVRO MIGUEL DE CERVANTES

De 26 a 28, na Rio Branco, com 17 livreiros, sebos e editoras independentes