Jardim do Baobá ganha painéis feitos por artistas mulheres

Cercado pelo verde das plantas, pelo gramado e pela árvore centenária que dá nome ao espaço, o Jardim do Baobá, no bairro das Graças, agora conta com três painéis de arte urbana, feitos por artistas mulheres no âmbito do programa “Colorindo o Recife”. As artes são assinadas por Dani Acioli, Thaysa Aussuba e Alexsandra Ribeiro. O programa é realizado pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria Executiva de Inovação Urbana, e tem como objetivo promover a requalificação dos espaços urbanos da cidade através do graffiti.

Todos os painéis que hoje formam uma galeria de arte no local, à beira do Rio Capibaribe, são realizados por mulheres. O espaço já contava com um painel realizado pela artista Priscila Lins, através de uma parceria entre a Secretaria da Mulher e a Secretaria Executiva de Inovação Urbana. A ideia é valorizar os artistas locais que já vêm utilizando a arte como instrumento de transformação social e ocupar com arte as áreas de contemplação e lazer da cidade. O acesso ao Jardim do Baobá pode ser feito pelas ruas Madre Loyola e Antônio Celso Uchôa Cavalcanti, na altura da Estação Ponte D’Uchôa.

Para a artista plástica Dani Acioli, que tem nas suas obras a natureza e a figura da mulher como marcas, fazer arte no Jardim do Baobá é uma honra. “Costumo entender a natureza como parte de mim e eu dela. O baobá é uma árvore milenar e respeitar o tempo das coisas é de uma sabedoria e aprendizado constantes”, ressalta em sua fala sobre a arte que estampou no muro do jardim. A artista propõe exaltar o baobá, mostrando o respeito ao tempo das coisas. A arte feita no jardim também exalta a natureza e o sagrado feminino, retratando a vegetação do Parque Capibaribe, pássaros e figuras de mulher.

Quem passar pelo Jardim do Baobá vai conferir também a arte de Alexsandra Ribeiro. Segundo a artista, a ideia foi trazer a ligação ancestral do presente com o passado com a figura de duas mulheres. “Uma olhando para o futuro, segurando um baobá como forma de olhar para o que está por vir, como esperança de dias melhores, e outra olhando para o presente, retratando como temos que viver e construir o hoje”, explica a artista.

Já para Thaysa Aussuba, a arte do mural nasce a partir da água, que é armazenada dentro do baobá como tecnologia dos povos ancestrais, exaltando esse elemento enquanto nascimento, saber, sensibilidade e fluidez. Ligada à água está uma personagem com tranças de gotículas e, na parte superior da arte, foi criado um céu inspirado na padronagem do tecido de chita, elemento que simboliza o regional. Ao centro, a frase “O futuro é ancestral” de autoria de Katiúscia Ribeiro e Ailton Krenak, com intuito de mostrar que não podemos olhar para o futuro esquecendo os saberes antigos.

“A ideia é levar o programa Colorindo o Recife para todas as áreas que fazem parte do Parque Capibaribe, formando uma grande galeria de arte ao ar livre na beira do rio. No Parque das Graças, foram realizados dez painéis de arte urbana com temas voltados à preservação da natureza, principalmente do mangue. Já no Jardim do Baobá, tivemos a oportunidade de integrar a participação de três artistas mulheres, que exaltaram a árvore milenar através da figura da mulher”, completa o secretário executivo de Inovação Urbana, Marcos Toscano.

COLORINDO – Lançado em janeiro desse ano, o novo edital do programa Colorindo o Recife incentiva a participação de artistas mulheres através de critérios de paridade de gênero e paridade de cor ou raça/etnia para pretos, pardos e indígenas. Desde que começou a realização dos painéis de arte urbana e das oficinas educativas-culturais, ambos na modalidade graffiti / muralismo, em abril, já foram contratadas nove artistas mulheres. As obras estão espalhadas na comunidade Alto Nossa Senhora de Fátima, bairro do Vasco da Gama, na Praça do Pilar, Bairro do Recife, Sesc Casa Amarela, bairro da Mangabeira, na Praça do Padre, no bairro de Santo Amaro e, agora, também no Jardim do Baobá.

PARQUE CAPIBARIBE – O Jardim do Baobá faz parte do Parque Capibaribe, um sistema de parques integrados que se estenderá por 30 km do percurso do Rio Capibaribe, desde a BR-101 até o centro do Recife. O projeto consiste na renaturalização das margens do rio e na implantação de um sistema de mobilidade com passeios e ciclovias, além de revelar paisagens locais com áreas de estar, passarelas e píeres para pequenas embarcações. Todo o projeto beneficiará mais de 500 mil pessoas e 44 bairros. Além do Jardim do Baobá, já foram entregues a Praça Otávio de Freitas, no Derby, e a primeira etapa do Parque das Graças.