Foto: Reprodução / TV Grande Rio
Familiares e amigos da adolescente Maria Eduarda Delmondes realizam um protesto na manhã desta quinta-feira (11) em Petrolina, no Sertão de Pernambuco. O grupo caminhou da Praça 21 de Setembro até o Hospital Dom Malan (HDM) IMIP, onde no sábado (6) a menina de 13 anos morreu, enquanto aguardava por um leito de Terapia Intensiva (UTI).
Maria Eduarda deu entrada no dia 6 de julho no Hospital Dom Malan. Na unidade, a adolescente passou por três cirurgias e acabou adquirindo uma infecção. Na última quarta-feira (3), a situação se agravou e ela entrou na lista de espera por um leito de UTI na rede Peba, composta por 53 municípios de Pernambuco e Bahia, mas a vaga não chegou a tempo.
A mãe da adolescente, Maria Dulce Delmondes, falou sobre como tem sido após a morte da filha.
“[O coração] está só bagaço, destroçado mesmo. É tanto, que eu não tenho mais estrutura para continuar nesse lugar, não tenho. E que outras mães não venham passar o mesmo que estou passando”, diz.
A família de Maria Eduarda acusa o hospital de negligência. “A gente quer que os governantes tomem providência, o poder público, a justiça investigue. Entre no Dom Malan, permita que a imprensa entre lá dentro. Veja a situação”, afirma Maria Dulce.
“Na sala vermelha, eu abanava minha filha com papel, porque o ar-condicionado é quebrado. Tinha muitas vezes que a gente ia tomar água, e não tinha água para beber lá dentro. É desumano, muito desumano. Sei que não vou trazer minha filha de volta, infelizmente não vou, mas vai impedir que outras mães venham a chorar”.
Maria Eduarda Delmondes morreu à espera de um leito de UTI em Petrolina — Foto: Reprodução/ TV Grande Rio
Por nota, o HDM informou “que está abastecido com todos os itens básicos, medicamentos e insumos necessários para prestar uma assistência de qualidade aos seus usuários. Também reforça que, apesar da sua estrutura ter mais de 90 anos, mantém em seu quadro uma equipe de manutenção que é responsável por reformas e reparos”. Leia a nota completa no final do texto.
Responsável pela Central de Regulação de Leitos, a Secretaria de Saúde de Pernambuco informou “que a adolescente recebeu atendimento necessário enquanto aguardava o leito de UTI e que não mediu esforços nessa procura. A nota reforçou que o HDM possui 10 leitos de UTI, sendo 6 neonatais e 4 pediátricos para atender uma população de 53 municípios da Rede PEBA”.
Para a irmã de Maria Eduarda, Juvenilda Maria Delmondes, fica o vazio deixado com a morte da adolescente, a quem descrevia como “uma menina meiga, estudiosa e respeitosa”.
“Estamos despedaçados. A gente não imaginava que a vida de Maria Eduarda ia ser interrompida tão nova, com 13 anos. A gente não imaginava o mundo sem Maria Eduarda. Estamos destruídos”.
Nota HDM
O Hospital Dom Malan esclarece que está abastecido com todos os itens básicos, medicamentos e insumos necessários para prestar uma assistência de qualidade aos seus usuários.
Também reforça que, apesar da sua estrutura ter mais de 90 anos, mantém em seu quadro uma equipe de manutenção que é responsável por reformas e reparos.
O Dom Malan possui uma equipe profissional de excelência para o atendimento de alto risco destinado às puérperas e crianças, sendo um dos melhores centros de referência em tratamento intensivo da região.
O hospital é referência em alto risco materno e infantil para os 53 municípios da Rede Interestadual de Saúde Pernambuco-Bahia (Rede PEBA) e quando atinge a sua capacidade máxima insere os pacientes na Central Interestadual de Regulação de Leitos (CRIL), para que os mesmos possam ser transferidos para outros centros também de referência.
Em tempo, sobre o caso da paciente Maria Eduarda Delmondes, a direção reforça que a paciente apresentava diversas graves comorbidades, como obesidade, hipotireoidismo, anemia, cisto ovariano e ausência do rim direito. Além disso, desde o final de 2020, se queixava de fortes dores abdominais crônicas, com relatos de febre e vômitos diários nos últimos três meses.
No Hospital Dom Malan, a paciente passou por três procedimentos cirúrgicos, além de exames de imagens como ultrassons e tomografias de tórax e crânio. Também foi acompanhada por médicos especialistas nas áreas de endocrinologia, cirurgia pediátrica, cardiologia, além de intensivistas pediátricos. A paciente, inclusive, fez medicação para hipertermia, já que o HDM é o único serviço do SUS na Região a oferecer este tipo de tratamento.
No Dom Malan a paciente recebeu suporte na Sala Vermelha, setor especializado da emergência, similar a uma unidade intensiva, com aparelhos de ponta e suporte médico 24 horas por dia.
Infelizmente, apesar de todo o esforço da equipe, diante da gravidade de seu quadro, a adolescente veio a óbito no dia 06 de agosto.
A direção do Hospital Dom Malan lamenta profundamente a perda, se solidariza com a família neste momento de dor, e está à disposição para outros esclarecimentos.