- Jonathan Amos
- Correspondente de ciência da BBC
Um fóssil de peixe com aparência feroz foi desenterrado de um novo e notável sítio de escavação jurássico nos arredores de Stroud, no condado de Gloucestershire, no Reino Unido.
A criatura — um predador chamado Pachycormus, parecido com o atum — está lindamente preservada em três dimensões.
Com seus grandes dentes e olhos, a impressão é que ele está prestes a lançar um ataque.
O espécime foi identificado pelos caçadores de fósseis Neville e Sally Hollingworth.
“Foi uma verdadeira surpresa porque, quando você encontra fósseis, na maioria das vezes eles acabam achatados pela ação do tempo”, conta Neville à BBC News.
“Porém, foi incrível achar este, porque percebemos que o crânio não estava esmagado.”
“A boca do peixe está aberta — e parece que ele vai sair da rocha em direção a você.”
O casal encontrou a cabeça de peixe em um pasto atrás de um estábulo no vilarejo de Kings Stanley.
Ele estava envolto em um dos muitos nódulos de calcário que formavam uma camada de argila exposta.
O proprietário do terreno, Adam Knight, não tinha ideia de que seu gado estava pastando em cima de uma rica camada de fósseis, que data de 183 milhões de anos atrás. À época, o local estava sob águas quentes tropicais.
Knight deu permissão a Neville e Sally, junto de uma equipe liderada pela Universidade de Manchester, na Inglaterra, para investigar melhor o local.
Uma retroescavadeira foi trazida para extrair centenas de nódulos, que foram cuidadosamente abertos para ver o que continham.
Ao fim da escavação, foram descobertos mais peixes, lulas e até ossos de dois ictiossauros, répteis marinhos que se assemelham aos atuais golfinhos, mas maiores.
“Temos toda a cadeia alimentar neste local”, declarou o paleontólogo Dean Lomax, da Universidade de Manchester.
“Este Pachycormus provavelmente estaria comendo peixes e lulas menores.”
“E os ictiossauros estariam atrás do Pachycormus.”
Curiosamente, para um cenário de vida marinha, também foram encontrados pedaços de madeira fossilizada e insetos na camada de argila, indicando que a terra firme não estava tão longe deste corpo d’água.
As descobertas provavelmente manterão os pesquisadores ocupados por vários anos.
E há um um grande interesse porque os espécimes são de um período peculiar no início do Jurássico — o Toarciano.
Trata-se de um período conhecido pela preservação excepcional dos espécimes, inclusive de tecidos moles, e a equipe até encontrou um peixe no qual é possível ver seu conteúdo estomacal.
“A última descoberta comparável com essa aconteceu no chamado Strawberry Bank Lagerstätte, em Somerset, em 1800”, estima Sally.
O casal Hollingworth é famoso pela extraordinária capacidade de identificar locais com fósseis.
Recentemente, eles descobriram os restos de mamutes no Parque Aquático Cotswold — a investigação virou um documentário da BBC.
Eles também ficaram conhecidos pela descoberta de milhares de equinodermos fossilizados — estrelas do mar, ouriços-do-mar e estrelas quebradiças — em uma pedreira no norte do local.
“Esses sítios revelam que ainda há muitas descobertas significativas de fósseis a serem feitas no Reino Unido”, diz Lomax.
A intenção é realizar uma exposição pública dos fósseis no Reino Unido a partir de outubro.
Veja um modelo 3D do Pachycormus neste link.
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