Foto: Reprodução/TV Globo
Foi sepultada nesta quinta-feira (28), no Cemitério de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife, a empregada doméstica Sandra Maria da Silva, de 53 anos. Ela caiu no poço do elevador do prédio em que trabalhava, na quarta-feira (26). Ela caiu do andar térreo no subsolo do equipamento. A queda foi de aproximadamente quatro metros.
Uma perícia apontou que houve uma falha mecânica, que fez com que a porta se abrisse, mesmo sem que o elevador estivesse no andar.
O sepultamento ocorreu no mesmo cemitério em que, em 2019, o marido de Sandra foi enterrado. Ela deixou quatro filhos. Três deles moravam com ela, junto com quatro netos. Era ela quem sustentava a família, com o dinheiro que ganhava trabalhando com a mesma família há 13 anos.
Laura Silva, de 23 anos, era uma das que moravam com Sandra. Ela falou sobre a perda precoce da mãe e disse que precisa de respostas sobre o que aconteceu. “A gente só quer justiça né, saber o que houve ali. Com certeza, houve uma falha”.
“Ela era um exemplo de mãe e deixou o seu legado aqui, uma pessoa muito boa. Era uma pessoa muito maravilhosa dentro de casa, responsável, cuidadora, era um cuidado enorme com os netos, principalmente. Ela tinha um amor muito grande por eles e os filhos. Trabalhava para sustentar a gente em um momento muito difícil. Foi um susto. A gente não espera enterrar a mãe dessa forma”, disse a jovem.
O acidente ocorreu no Edifício Portal da Jaqueira. O condomínio afirmou, na quarta-feira (27), que os elevadores passam por manutenção periódica e que os serviços estavam “em dia”. Disse, também, que, em cada andar, há adesivos ao lado das portas dos elevadores, informando sobre observar se o equipamento chegou, antes de entrar.
Laura Silva, a filha mais nova de Sandra, disse que não sabe como vai ser a vida sem a mãe.
“Tenho irmãos mais velhos que vão dar esse suporte a gente. Vai ser difícil? Vai, mas vamos um ajudar o outro. Três anos atrás, meu pai faleceu, mas foi totalmente diferente, porque foi uma doença. Só Deus para confortar o nosso coração”, declarou.
Amigas
A também empregada doméstica Tania Freire de Lima lembrou da alegria de Sandra com os amigos. Ela, que pegava o mesmo ônibus da vítima do acidente, foi informada da morte da amiga pela patroa, que, de São Paulo, mandou uma mensagem contando o fato e pedindo que ela tivesse cuidado.
“Eu fiquei surpresa, minha patroa mesmo quem contou. Ela está em São Paulo e me mandou uma mensagem mandando ter cuidado, dizendo ‘olha o que aconteceu com essa empregada’. Quando vi, de primeira não reconheci, mas, depois, pensei ‘essa menina é minha amiga, é Sandra’. Quando cheguei em casa foi que me disseram”, declarou.
Fabiana Lidia de Santana, amiga de Sandra e empregada doméstica, lamentou a perda da amiga e colega de profissão. Contou, também, que por pouco, em outro lugar, não teve o mesmo destino.
“Num momento de tristeza dela, a gente não percebia, porque ela era uma pessoa extraordinária. A gente fica chocada, porque pode ser qualquer um de nós, é lamentável o que aconteceu. Minha ficha ainda não cai que é ela aqui. Já aconteceu comigo em um prédio em Boa Viagem [Zona Sul], de eu apertar o elevador e me deparar com um buraco. Tomei o maior susto”, contou.