Aldeias Xukuru do Ororubá e Fulni-ô relatam como é celebrado o dia 19 de abril.
Aldeia Xukuru de Ororubá — Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução
A celebração do Dia do Índio acontece em 19 de abril. A data foi definida pelas lideranças indígenas do continente durante a reunião do Congresso Indigenista Interamericano, em 1940. No Brasil, o dia foi adicionado ao calendário em 1943, pelo presidente Getúlio Vargas.
Em Pesqueira, Agreste de Pernambuco, o território do Xukuru do Ororubá abriga mais de 12 mil indígenas, eles trabalham pela autonomia do lugar e a luta pelos direitos. Muitos índios fazem parte da política da cidade e outros vivem da agricultura. Dentro da própria aldeia, são realizados vários trabalhos, como a escola indígena.
Aldeia Xukuru de Ororubá — Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução
Marciene Oliveira é educadora índigena dentro da aldeia do Xukuru do Ororubá, ela relata como a data é uma oportunidade de transformar o pensamento da sociedade. “Nós fazemos um trabalho de desconstrução da colonização do índio, vamos às escolas, damos palestras para fortalecer a nossa identidade, tirar essa ideia de que índio só vive em oca, que não fala outras línguas e eles precisam descolonizar, pois nós usamos celular, fazemos faculdade, temos nossa visão de mundo sem perder a nossa essência”, falou.
Dentro da aldeia, a escola de Xukuru do Ororubá reforça a história indígena e as formas de observar o mundo. “Nós temos uma educação específica no nosso terreiro, voltada para conteúdos da nossa espiritualidade e é muito importante, pois temos a nossa educação, mas também abordamos sobre coisas do mundo. É uma forma de envolver a comunidade com a escola, onde reforçamos nossa visibilidade, mostrando que nós temos nossas individualidades”, disse a educadora.
Aldeia Xukuru de Ororubá — Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução
A aldeia Fulni-ô fica localizado em Águas Belas, Agreste de Pernambuco, eles realizam a venda de acessórios na internet para manter a comunidade e realizam rituais para manter as tradições vivas. Tafkea, é o chefe do grupo Fola Fulni-ô e relata como é celebrado este dia. “O mês de abril é onde a gente lembra das perdas de nossos ancestrais, pois estamos aqui através deles e é um dia que buscamos sobrevivência para o nosso povo e representar muito a nossa união. Cantamos e rezamos para os ancestrais estarem perto de nós, nos abençoando”, contou.
Aldeia Fulni-ô — Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução
“A nossa luta é pela resistência, para que a civilização volte para casa, porque há muito tempo nosso povo acredita que a civilização branca e o povo índio já caminharam juntos como irmãos e precisamos nós unir pela natureza, para que o mundo seja curado da destruição. Queremos preservar nossos costumes e tradições e honrar a mãe natureza”, diz o chefe sobre a luta indígena pela própria terra.
A educadora do Xukuru do Ororubá também reforça a importância da mobilização da aldeia e o relacionamento com a cidade. “Nós tivemos nossa vitória na Constituição de 1988, com direito a nossa terra e cultura, a luta agora é para que a gente não perca esses direitos, nós precisamos de mobilização. Realizamos assembleias internas e externas para discutirmos vários temas, para que reforçarmos nossos direitos. A comunicação com a cidade é tranquila, temos pessoas da nossa comunidade na política, é como se Pesqueira fosse Xukuru, fizesse parte da comunidade”, pontuou.
*Sob supervisão de Hayale Guimarães.
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