A temperatura mudou e, na Frente Popular, nos últimos dias, o sentimento anda crescente de que é preciso bucar mais “nitidez política e ideológica” na formação da chapa majoritária. Mas não só isso. Em conversas reservadas, lideranças do conjunto passaram a admitir que o movimento da vice-govenadora Luciana Santos ajudou a publicizar uma tese que já estava presente nos bastidores, defendida tanto no PSB como no PT e no PCdoB.
A referida tese dá conta de que é preciso “não puxar a chapa para baixo”, mas, sim, colá-la no ex-presidente Lula. Ontem, ao lançar sua pré-candidatura ao Senado, em ato na Di Branco Recepções, Luciana em seu discurso, realçou a necessidade de imprimir, à chapa encabeçada por Danilo Cabral, uma identidade política com o ambiente de mudança e de virada liderado pelo ex-presidente Lula.
O que importa, em outras palavras, agora, é uma saída que seja capaz de resultar em vitória num pleito em que o PSB está sendo obrigado a disputar a associação com Lula com a deputada federal Marília Arraes , pré-candidata ao Governo do Estado pelo Solidariedade. Nacionalmente, o partido dela está coligado com o PT, o que lhe dá e, ela já verbalizou isso, segurança jurídica para usar imagem do líder-mor do PT na sua campanha e se posicionar como alguém que vota nele, mesmo que ele não tenha lhe declarado apoio formalmente.
Em função desse cenário, Luciana vem repisando que é preciso assegurar essa “identidade” com o maior cabo eleitoral no Estado. Nesta segunda (18), ao lançar sua pré-candidatura ao Senado, a dirigente nacional do PCdoB fez questão de sublinhar que sempre esteve com a Frente Popular, desde Pelópidas Silveira passando por Miguel Arraes, destacou que tem lado, que nunca tergiversou, traçando um paralelo com lideranças da mesma aliança que são cotadas por candidatos da Oposição para o caso de não serem contemplados, na Frente Popular, com a vaga do Senado.
E o deputado federal André de Paula é um dos exemplos. Com nome no radar para concorrer à Casa Alta na chapa de Danilo Cabral, ele também vem sendo sondado por Marília para ocupar a mesma vaga na chapa dela e cuidou de externar, em entrevista de rádio, admiração por ela, realçando a “legitimidade” dela para concorrer. O gesto dele pode denotar mudança de ambiente na Frente Popular, onde, nas coxias, já se aponta que, talvez, por uma questão de “timing” a alternativa André de Paula para o Senado estaria desidratando.
Fator Dino e o sinal amarelo
Com Marília Arraes vinculando sua imagem a Lula, no que não foi desautorizada por ele, como alguns socialistas até esperavam, um episódio de 2014 passou a ser citado em sinal de alerta em rodas de conversas da Frente Popular. Naquele ano, Lula apoiou, no Maranhão, Lobão Filho, do MDB, que, mesmo assim, perdeu para Flávio Dino. Dino manteve-se fiel ao PT mesmo depois de a direção nacional negar apoio às candidaturas do PCdoB.
Déjà vu > O paralelo que se faz, agora, é com a hipótese de, mesmo com apoio formal de Lula, Danilo Cabral acabar esbarrando na variável Marília e na associação que ela tem feito com Lula.
Gesto > Presidente do PT-PE, Doriel Barros comanda plenária, nesta terça (19), em Garanhuns. O ato está na agenda de Danilo Cabral no fim da tarde. O socialista também vai participar de agenda do Plano Retomada em Bom Conselho e Saloá.
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Fonte: Folha PE
Autor: Renata Bezerra de Melo
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