Chuvas voltam a castigar a Região Metropolitana e revelam falhas históricas na gestão urbana

A cada nova chuva forte, a cena se repete: escolas fecham as portas, unidades de saúde suspendem atendimentos, comércios interrompem as atividades, órgãos públicos param. A Região Metropolitana do Recife vive, mais uma vez, o colapso do funcionamento básico em dias de temporal. E a cada alagamento, transbordamento de canal ou deslizamento de barreira, fica evidente que o problema não está apenas na força da natureza — mas na ausência de um planejamento eficiente, integrado e de longo prazo entre o Estado e os municípios.

Enquanto as prefeituras divulgam rotineiramente ações de limpeza de galerias, desobstrução de canaletas e manutenção de canais, a população segue contabilizando prejuízos. Perdem os pequenos comerciantes, que veem suas lojas invadidas pela água. Perdem os estudantes, que ficam sem aula em escolas públicas intransitáveis. Perdem os pacientes, que deixam de ser atendidos por falta de acesso aos serviços de saúde. E perde a economia, que sofre com a paralisação das atividades urbanas.

A sensação generalizada é de que, mesmo com investimentos pontuais e emergenciais, “tudo permanece exatamente igual”. O que falta, segundo especialistas e representantes da sociedade civil, é um verdadeiro pacto de reconstrução urbana entre os entes federativos. Não se trata de um problema sem solução — trata-se de um problema sem prioridade política real.

O Estado, por sua vez, não pode mais se manter ausente diante de um cenário que se repete há décadas e que afeta milhões de pessoas. A população, que não tem culpa alguma pela omissão dos gestores ao longo dos anos, segue sendo a maior vítima. E, pelo andar da carruagem, continuará refém do descaso enquanto os discursos de solução não saírem do papel e virarem ações concretas de infraestrutura, prevenção e adaptação climática.

Vale a pena lembrar e parabenizar o trabalho das secretarias de Defesa Civil dos municípios, que têm conseguido amenizar significativamente os problemas mais graves causados pelas chuvas quando atingem as cidades.

Em tempo: Quantas chuvas ainda serão necessárias para que as soluções saiam da gaveta?

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