Desde 2021, a Secretaria Executiva de Agricultura Urbana e o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome firmaram convênios que tem fortalecido as iniciativas agroecológicas na capital pernambucana (Foto: Helia Scheppa)
Nesta quarta-feira (30), a Prefeitura do Recife, através da Secretaria Executiva de Agricultura Urbana, recebeu uma visita técnica de representantes do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome para conhecer a experiência do Sistema Agroflorestal Urbano e Compostagem, que funciona no edifício-sede da Prefeitura. O objetivo da visita foi avaliar os avanços da agricultura urbana no Recife e avaliar os impactos dessa iniciativa para a agroecologia, sustentabilidade e inclusão social. Na ocasião, a coordenadora geral de Agricultura Urbana e Periurbana do Governo Federal, Kelliane Fuscaldi, foi recepcionada pela secretária-executiva Adriana Figueira, que apresentou os resultados da iniciativa.
A visita técnica também incluiu uma passagem pelo Sítio Natan Valle – Escola de Agroecologia, onde são realizadas oficinas práticas semanais voltadas ao público em situação de vulnerabilidade social. O curso Cultiva Recife ensina técnicas agroecológicas, desde o plantio até a produção de itens naturais, promovendo o ciclo completo da sustentabilidade – comer, compostar, adubar, plantar e colher. O espaço também conta com composteira, sementeira, hortas e um projeto de aquaponia, que está em fase de cultivo e utiliza a água dos peixes para irrigar as plantas.
Segundo Kelliane Fuscaldi, iniciativas como essas são fundamentais para combater a fome e promover autonomia e segurança alimentar. “Algo que me chamou muita atenção aqui no Recife foram os depoimentos das pessoas. Elas contaram como o envolvimento com a horta tem impactado diretamente sua saúde, tanto física quanto mental, e até mesmo a relação com a alimentação. Muitas delas, que antes rejeitavam certos alimentos, passaram a consumi-los depois de plantá-los. São benefícios imensuráveis, que não aparecem nos relatórios de projetos ou convênios, mas fazem toda a diferença”, conta.
Desde sua implantação, o sistema agroflorestal urbano e compostagem já converteu mais de 100 toneladas de resíduos orgânicos em 58 toneladas de adubo, reutilizando resíduos das feiras e mercados locais, como os da Encruzilhada e do Cais de Santa Rita. Essa iniciativa inovadora não só evita que esses resíduos sejam enviados para aterros sanitários, mas também contribui diretamente para a redução de gases de efeito estufa, impedindo a emissão de cerca de 80 toneladas de dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄) e outros gases de efeito estufa na cidade.
O adubo produzido é utilizado como fertilizante natural em mais de 70 unidades atendidas pela Secretaria Executiva de Agricultura Urbana, incluindo escolas, creches, centros de saúde, centros de apoio psicossocial, terreiros e outros projetos da sociedade civil. A equipe é composta por reeducandos, engenheiros agrônomos, biólogos e técnicos em agroecologia, promovendo o desenvolvimento agroecológico na cidade e contribuindo para uma alimentação mais saudável e sustentável.