As invasões e depredações nas sedes dos Três Poderes por bolsonaristas no domingo (8) são desaprovadas por 81% dos brasileiros, segundo uma pesquisa feita pela empresa de análise de opinião Ipsos. Entre os outros 19%, 9% aprovam totalmente a ação dos manifestantes e 9% aprovam apenas em parte. Um por cento das pessoas não souberam responder.
Feita na terça seguinte aos eventos (10), com amostragem nacional, a pesquisa entrevistou 600 pessoas de todas as regiões do Brasil pela internet e tem margem de erro de 4 pontos para mais ou para menos.
Apesar dos resultados majoritariamente mostrarem uma desaprovação à violência de domingo, não é possível fazer uma leitura de que existe consenso contrário ao radicalismo, explica Hélio Gastaldi, diretor de relações públicas da Ipsos.
“Se olharmos os outros dados da pesquisa, fica muito evidente que o cenário ainda é de polarização. Por exemplo, o número de pessoas que aprovam os eventos ao todo ou em parte — 18% — sobe para 37% entre os entrevistados que votaram em Bolsonaro”, diz Gastaldi.
Embora a maioria (62%) considere que o ataque às instituições foi planejado com antecedência para ser exatamente como foi, 28% dos entrevistados acreditam que os eventos foram planejados para serem uma manifestação pacífica, mas acabaram saindo do controle.
“(28%) É número que pode ser considerado alto de pessoas que têm um pensamento que, na melhor da hipóteses, exime os envolvidos de responsabilidade”, diz Gastaldi.
Isso se reflete também em outro dado — quando questionados sobre quem deve ser punido pelos eventos de domingo, 41% responderam que devem sofrer consequências “somente os que comprovadamente cometeram alguma violência e depredação”. Outros 51% acreditam que todos os envolvidos devem ter punição.
O quanto o bolsonarismo foi afetado
Para Gastaldi, a rápida e intensa condenação dos eventos por autoridades de outros países e a repercussão negativa na mídia internacional fizeram com que haja um clima que inibe as pessoas de demonstrarem aprovação.
“Isso provocou uma inibição em grande parte de pessoas que aprovam de maneira latente, mas não tiveram coragem de admitir”, diz o diretor da Ipsos. Por isso os dados gerais de desaprovação são de 81%, afirma.
“Mas se você olha em detalhes, vê que, quando a radicalização acontece, Bolsonaro perde apoio em setores mais distantes dele. Mas ele ainda mantém boa parte do apoio e o núcleo duro do bolsonarismo não se reduz.”
Para 70% dos entrevistados, Bolsonaro é responsável pelos eventos do domingo, mas 47% acham que ele foi responsável apenas em parte.
E 26% dos entrevistados afirmam que o ex-presidente não tem culpa — em vez disso, colocam a culpa no presidente Lula (22%) , no STF (26%) e no TSE (25%).
É um número que corresponde quase aos 28% de pessoas que, mesmo sem evidências, acreditam que “pode ter havido algum tipo de fraude nas eleições que pode ter favorecido Lula”.
“Pode parecer um número tolerável, mas é um percentual extremamente alto de pessoas que de certa forma não vê legitimidade nas eleições”, afirma Gastaldi.
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