Crédito, Getty Images

  • Author, Mike Wendling
  • Role, BBC News

Um painel da Nasa que investiga objetos voadores não identificados compilou cerca de 800 relatórios sobre os óvnis, mas apenas uma pequena fração desses objetos foi classificada como realmente inexplicável, segundo os pesquisadores.

A agência criou o painel no ano passado para explicar seu trabalho sobre o que chama de “fenômenos anômalos não identificados”.

Óvnis são definidos como avistamentos “que não podem ser identificados como aeronaves ou fenômenos naturais conhecidos de uma perspectiva científica”.

O painel, que vai publicar um relatório ainda neste ano, realizou sua primeira audiência pública na quarta-feira (31/05).

A BBC News reuniu alguns dos pontos revelados pelos cientistas.

Muitos avistamentos podem ser explicados

“Temos de 50 a 100 novos relatórios por mês”, afirma Sean Kirkpatrick, diretor do Escritório de Resolução de Anomalias (AARO) da Nasa.

No entanto, ele diz que o número desses avistamentos possivelmente anômalos representam de 2% a 5% do banco de dados total.

Durante a audiência, um vídeo feito por uma aeronave mostrou uma série de pontos se movendo no céu noturno no oeste dos Estados Unidos.

O avião militar não conseguiu interceptar o objeto, que se tratava de uma aeronave comercial que se dirigia a um grande aeroporto.

Outros avistamentos são mais misteriosos.

Um relatório separado do Pentágono, publicado em 2021, apontou que de 144 avistamentos de pilotos militares feitos desde 2004 – todos, exceto um, permaneceram inexplicáveis.

As autoridades não descartaram a possibilidade de que os objetos sejam extraterrestres.

Privacidade limita investigações da Nasa

Kirkpatrick também explicou que as preocupações com a privacidade limitam as investigações da agência.

“Podemos apontar o maior aparato de coleta de informações de todo o globo para onde quisermos”, disse.

“Muito do que temos está nos Estados Unidos”, acrescentou. “A maioria das pessoas não gosta quando apontamos todo o nosso aparato de coleta para o seu quintal.”

Crédito, DEPARTAMENTO DE DEFESA DOS EUA

Legenda da foto,

Avistamento de óvni nos Estados Unidos

Microondas e ilusões de ótica

Os dados relacionados aos óvnis geralmente são difíceis de interpretar e podem ser facilmente distorcidos.

David Spergel, presidente da equipe da Nasa que investiga óvnis, mencionou uma explosão de ondas de rádio captadas por pesquisadores na Austrália.

“Eles tinham uma estrutura muito estranha. As pessoas não conseguiam entender o que estava acontecendo. Então começaram a notar muitos deles amontoados na hora do almoço”, disse.

Descobriu-se que os instrumentos sensíveis usados ​​pelos pesquisadores captaram sinais de um microondas usado para aquecer seus almoços.

Scott Kelly, ex-astronauta e piloto com décadas de experiência, contou uma história sobre uma ilusão de ótica.

Ele e seu co-piloto estavam voando perto de Virginia Beach e seu colega “estava convencido de que voamos perto de um óvni”.

“Eu não vi. Nós nos viramos, fomos olhar, descobrimos que era Bart Simpson – um balão.”

Estigma e assédio dificultam a pesquisa

Os pilotos comerciais relutam muito em relatar avistamentos, disse Spergel, por causa do estigma em torno dos discos voadores.

“Um de nossos objetivos é remover o estigma”, disse ele, “porque há necessidade de dados de alta qualidade para abordar questões importantes sobre UAPs”.

E alguns cientistas enfrentaram assédio na internet por seu trabalho na área.

“O assédio apenas leva a uma maior estigmatização, dificultando significativamente o processo científico e desencorajando outros a estudar este importante assunto”, disse Nicola Fox, chefe de ciência da Nasa.

Nova era de transparência

Uma das razões pelas quais a reunião de quinta-feira foi tão notável é a mudança de abordagem da Nasa. A agência espacial passou décadas desmascarando avistamentos de óvnis.

No final da audiência, os pesquisadores responderam a perguntas do público. Uma delas era: “O que a Nasa está escondendo?”

Dan Evans, da Nasa, respondeu que a agência está comprometida com a transparência. “É por isso que hoje estamos aqui ao vivo na TV”, disse.