- Author, Lindsey Galloway
- Role, BBC Travel
Seja navegando pelas nuances de uma nova cultura, procurando os lugares favoritos de moradores locais ou fazendo novas amizades, morar no exterior traz alegrias e desafios. Mas dependendo do estilo de vida que você procura, alguns lugares tornam a vida de expatriado – pessoas que residem em país estrangeiros – mais fácil do que outros.
A Internations, uma das maiores redes de expatriados do mundo, elaborou recentemente o seu relatório anual Expat Insider, que classifica os principais países com base em avaliações de 56 itens – como, por exemplo, custo de vida, moradia e disponibilidade de internet de alta velocidade.
Mais de 12 mil expatriados de 171 nacionalidades e que vivem em 172 países ou territórios responderam a um questionário, que resultou em uma lista eclética e por vezes surpreendente, abrangendo todo o mundo.
Falamos com residentes de alguns dos países mais bem classificados para compreender que aspectos da vida ajudam os expatriados a se sentirem em casa e lhes permitem construir uma nova vida ali.
México
O primeiro lugar da lista deste ano é do México, que ficou entre os cinco primeiros colocados todos os anos desde 2014.
O país ocupa o primeiro lugar no índice de facilidade para se conseguir acomodação e na subcategoria simpatia local, o que também resulta em pontuações altas quando o assunto é encontrar novos amigos.
Na verdade, 75% dos expatriados entrevistados disseram que é fácil fazer amigos locais no país, em comparação com apenas 43% globalmente.
“São algumas das pessoas mais amigáveis que já conheci”, disse o expatriado holandês Aemilius Dost, que mora no México há um ano e meio e mantém um blog sobre a experiência. “Gosto muito das interações que tenho quando compro frutas e vegetais frescos no mercado local. A simplicidade do estilo de vida é fácil de ser adotada.”
Embora possa ser difícil de navegar pela burocracia do México, é fácil manter o visto de residência se você se qualificar; você não precisa ter permanecido no país por um determinado período para manter o status do visto.
Embora o inglês seja falado nas áreas mais turísticas, os expatriados acharão a vida mais fácil se aprenderem espanhol antes de chegar. Mesmo que você não seja um especialista no momento da mudança, um pouco de prática pode ajudar muito. “Poco a poco (aos poucos), seu conhecimento de espanhol começará a crescer”, disse Julien Casanova, fundador do Oaxaca Travel Tips, que mora no México há cinco anos e é originário dos EUA.
Os expatriados também expressam um profundo apreço pela cultura e história do México, refletido em sua classificação superior na subcategoria “cultura e boas-vindas”. “A estreita ligação com a família e a tradição está presente em toda a cultura mexicana”, disse Casanova. “Adoro morar na cidade de Oaxaca por esse motivo. É uma cidade incrivelmente festiva, com raízes profundas no seu passado pré-hispânico.”
E no México não faltam cidades para os expatriados chamarem de novo lar. “O México tem todas as paisagens, todos os climas, toda a gastronomia e cultura. E o melhor de tudo, o carinho e o atendimento do povo, o bom humor sempre, o clima de festa permanente onde quer que você vá. Tudo”, diz Elizabeth Lemos, uruguaia que mora no México desde 2022 e atua como embaixadora internacional (organizarando encontros locais de expatriados). “No México, você pode encontrar o seu lugar no mundo.”
Espanha
A Espanha está entre os dez primeiros país mais bem colocados no índice de qualidade de vida da pesquisa desde 2014, devido à sua cultura e vida noturna, às oportunidades de recreação e lazer e ao seu clima moderado.
“Apesar das partes sul e norte do país serem muito diferentes, as temperaturas são geralmente amenas e agradáveis”, diz Patricia Palacios, cofundadora do España Guide. Ela é espanhola, mas morou e trabalhou na Alemanha, EUA e Argentina.
Palacios diz que o clima é uma das principais vantagens de morar no país. “Por exemplo, cidades como Valência e Málaga possuem mais de 300 dias de sol por ano e têm uma temperatura média de 18°C.”
Ela também aprecia as opções gastronômicas que o clima mediterrâneo oferece e a paisagem e a arquitetura – influenciadas por tantas culturas ao longo dos anos.
O custo de vida continua a ser menor na Espanha do que em outros países europeus, o que pode ser uma bênção ou uma maldição dependendo do seu status profissional, uma vez que os salários locais tendem a ser mais baixos.
“Seria definitivamente melhor se você pudesse trabalhar remotamente e obter uma renda estrangeira maior para poder ter um melhor padrão de vida”, aconselhou Palacios. E embora o país tenha um elogiado programa de vistos para nômades digitais, ela também diz que ser freelancer pode trazer dores de cabeça burocráticas e uma “taxa de freelancer” além dos impostos normais.
Segundo Palacios, os moradores locais tendem a ser descontraídos, simpáticos e acolhedores, principalmente para quem está tentando aprender o idioma. “Eles são muito pacientes com estrangeiros com conhecimentos limitados de espanhol, o que pode ser muito importante quando se inicia em um novo país”, disse ela.
Segundo a pesquisa Internations, 80% dos expatriados se sentem em casa no país, 18% acima da média global.
Dito isto, ela recomenda que qualquer pessoa que se mude para a Espanha tenha aulas de espanhol. “Só se você falar a língua poderá aproveitar ao máximo sua nova vida na Espanha”, disse ela. “É também uma forma de mostrar respeito e apreço pela cultura local”.
Panamá
Este país da América Central ocupa o terceiro lugar no índice graças às altas pontuações nas categorias facilidade para encontrar acomodação, facilidade de fazer amigos e nas categorias cultura e acolhimento.
Tal como a Espanha, o país adotou um visto de nômade digital, com uma das taxas mais baixas do mundo – na verdade, os expatriados classificam o país como um dos cinco onde é mais fácil obter um visto.
O clima e as condições meteorológicas também ajudam na posição elevada do país – que ocupa a 11ª posição nesse subíndice.
“O Panamá tem um clima incrível, de acordo com minha preferência pessoal – 24-29°C o ano todo, e uma boa mistura de chuva e sol”, diz a expatriada americana Sarah Bajc, proprietária do hotel local Camaroncito EcoResort & Beach.
O país também está geograficamente mais próximo dos Estados Unidos, o que torna mais fácil para ela receber ligações e visitar familiares e amigos após 10 anos morando na Ásia.
A economia dolarizada também facilita a gestão das finanças, diz Bajc, afirmando que o modelo lhe permitiu comprar imóveis de forma relativamente simples. Segundo a pesquisa elaborada pela Internations, a maioria dos expatriados pensa que é fácil encontrar e pagar por moradia no país.
O Panamá ficou em oitavo lugar geral no índice de finanças pessoais, com 80% dos expatriados declarando estar satisfeitos com a sua situação financeira.
Priorizando a segurança econômica e pessoal, juntamente com a oportunidade de comprar imóveis à beira-mar, Bajc achou fácil sua decisão sobre onde se aposentar. “O Panamá foi o vencedor”, disse ela. “Principalmente quando se considera a economia, o clima e uma cultura acolhedora e diversificada que adora dançar!”
Bahrein
Único país do Oriente Médio entre os 10 primeiros, o Bahrein ficou em nono lugar e foi o país que mais melhorou na lista de 2022 a 2023, subindo 19 posições.
O Bahrein foi também o que mais subiu no índice de finanças pessoais, com quase quase metade dos expatriados entrevistados avaliando o custo de vida de forma mais favorável do que em 2022 e relatando uma grande satisfação com a sua situação financeira.
O país também teve uma boa pontuação em vários tipos de índices, ficando em primeiro lugar na categoria Expat Essentials, que inclui tópicos como administração (como abertura de uma conta bancária), habitação, acesso digital e idioma.
É também um dos lugares mais fáceis para obter visto e lidar com as autoridades locais – e 78% dos entrevistados relataram que é fácil viver aqui sem falar árabe.
Os residentes também dizem que o apreço pela vida no país e seus benefícios cresce com o tempo.
“Durante reuniões e eventos de expatriados, outros expatriados inevitavelmente se entusiasmam com o quanto o país é bonito e como se sentem bem-vindos por amigos e colegas do Bahrein”, diz a embaixadora internacional Sharmila Vadi, que é originária da Índia e reside há 23 anos na capital do Bahrein, Manama.
“Quase todas as pessoas com quem você conversa concordarão sobre o quão caloroso e culturalmente amigável o país e seu povo são.”
Vadi cita um ambiente de trabalho acolhedor, mas competitivo o suficiente para incentivar o desenvolvimento de carreiras. “Uma combinação brilhante de força de trabalho bem-educada do Bahrein, trabalhando lado a lado com expatriados qualificados, torna o ambiente de trabalho muito estimulante e propício à troca de conhecimento, levando, portanto, a um fantástico crescimento profissional para todos”, disse ela.
Ela observa que muitos expatriados obtiveram sucesso profissional e acabaram ficando mais tempo do que o planejado originalmente, até mesmo comprando propriedades.
Vadi também viu um aumento na disponibilidade de opções de entretenimento nos últimos anos, especialmente nos meses que antecedem o Grande Prêmio do Bahrein (etapa da Fórmula 1 realizada em março), quando são realizados shows de astros internacionais, exposições de arte e outras atividades criativas.
O Festival Anual da Primavera da Cultura reúne talentos e mostras de todo o mundo (como uma de poesia turca e o Festival de Cinema do Japão), ao mesmo tempo que destaca a rica cultura e os locais históricos do próprio país.
“Há sempre muito o que esperar em termos de entretenimento, o que nos permite desfrutar de um bom equilíbrio entre trabalho e vida pessoal”, disse Vadi. “Isso às vezes torna tudo emocionante e, ocasionalmente, tranquilo o suficiente para tornar a vida aqui uma experiência bastante agradável.”
Malásia
Em quarto lugar no índice geral, a Malásia subiu no subíndice de qualidade de vida este ano, com os residentes colocando o país em terceiro lugar em termos de disponibilidade de oportunidades de viagem.
O país do Sudeste Asiático também tem bons resultados em simpatia local e finanças pessoais.
Abrangendo duas regiões (Malásia Peninsular e Malásia Oriental na ilha de Bornéu), a Malásia é uma excelente base para quem deseja viajar com frequência. “A capacidade de alcançar todo o Sudeste Asiático em duas horas de voo torna o país o centro da região, permitindo fácil acesso aos mercados regionais”, disse Shawn Bhushan, embaixador residente e internacional, que nasceu aqui, mas também viveu em Singapura, Londres, Hong Kong e Miami.
Ele também gosta de explorar o próprio país, cuja vastidão “permite a descoberta de alimentos, viagens a cidades antigas, patrimônios da Unesco, ilhas, história, geografia e religiões.”
Bhushan considera o custo de vida na Malásia bastante administrável, com renda e despesas gerais fáceis de equilibrar.
O inglês é amplamente compreendido e o idioma local é escrito em escrita romanizada, facilitando a leitura para os falantes de inglês.
Por ter trabalhado como professora e morado na Malásia por dois anos, Sarah Bajc acrescenta que a educação é bastante respeitada ali. “A cultura malaia valoriza a educação e os meus alunos (e os seus pais) me trataram com muito carinho e respeito”, recordou.
Bajc disse ter feito muitos amigos dentro da comunidade tradicional malaia, bem como nas comunidades indiana e chinesa, mas observa que há uma diferença entre a amizade social e a aceitação genuína que os expatriados podem achar um desafio no longo prazo.
Dito isto, os expatriados relatam que é fácil interagir inicialmente com as pessoas locais. “Há um ar de tranquilidade social em muitos ambientes onde uma conversa pode ser iniciada e as pessoas respondem com humildade e sinceridade”, disse Bhushan.
Fonte: BBC
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