A judoca paulista de Peruíbe, desconhecida por boa parte do público brasileiro, venceu a israelense Raz Hershko na final da categoria acima de 78 kg do judô.
Na semifinal, Bia, como é conhecida, venceu a dona da casa, a francesa Romane Dicko, número 1 do ranking mundial.
Logo após a conquista, Bia, às lágrimas, disse em entrevista à TV Globo que ser campeã olímpica é uma das “melhores coisas da vida”.
“Quando falo que é uma vida por um dia, é verdade. A gente abdica de tanta coisa para chegar até aqui e, quando a gente conquista isso, faz tudo valer a pena. Abrir mão do que eu abri valeu a pena”, contou.
Para entender a importância do feito, a vitória de Beatriz fez o Brasil sair da posição 32 do ranking de medalhas para o 19.
A medalha também firma ainda mais o Brasil como uma potência no judô, que é o esporte que mais trouxe conquistas para os brasileiros, 27 no total.
1 – Passos do pai
Beatriz foi apresentada ao mundo do judô ainda em Peruíbe, no litoral de São Paulo, pelo pai, Poseidonio José de Souza Neto, um ex-atleta do esporte.
A atleta já contou que sua introdução ao judô ocorreu porque ela era uma “criança agitada”, como uma forma de ocupar seus dias.
Aos 13 anos, para seguir na carreira esportiva, Beatriz se mudou para a capital, São Paulo. Ela chegou a falar das dificuldades que enfrentou à Agência Brasil:
“É muito difícil sair de casa na adolescência. Logo eu, super agarrada na família. Chegava em casa do treino, tinha comidinha pronta, era só arrumar a cama e estava tudo certo.”
Beatriz passou pela Sociedade Esportiva Palmeiras e atualmente é atleta do Clube Pinheiros.
2 – Técnica ‘rival’
As Olimpíadas de Paris são as primeiras de Beatriz. Ela chegou bem perto de disputar os Jogos Olímpicos Tóquio 2020, realizados em 2021, que acabou tendo como representante na categoria Maria Suelen Altheman.
Bia e Maria Suelen tiveram uma disputa intensa pela única vaga que o Brasil poderia ter na categoria pesada ( 78kg) feminina em Tóquio, já que as duas haviam conquistado o bronze no Mundial naquele ano.
No fim, prevaleceu a experiência de Maria Suelen, que disputou os Jogos pela última vez no Japão.
“A gente [Beatriz e Maria Suelen] é super amiga fora do tatame. Ela me ajuda muito. Acho que é assim que se constrói um grande atleta. Você evolui com a rivalidade no tatame de competição. Queria chegar nela e queria a vaga. Acho que tanto eu consegui evoluir muito, como ela também”, disse à Agência Brasil.
“Tinha uma disputa dentro do tatame, mas tinha uma amizade fora. Essa troca”, declarou Maria Suelen ao site oficial das Olimpíadas.
Altheman acabou se tornando a treinadora no ciclo olímpico de Beatriz, tendo papel essencial na conquista do ouro de Beatriz.
3 – Atleta em ascensão
Em 2023, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) homenageou Beatriz com o Prêmio Brasil Olímpico, considerada a premiação mais importante do esporte olímpico nacional.
Esse é um sinal do que estava se desenhando. Bia já era uma das principais apostas do judô nacionail.
O judô, vale salientar, é o esporte que mais medalhas deu ao Brasil na história das Olimpíadas.
Desde 2022, Beatriz é uma das judocas mais bem colocadas entre brasileiros no ranking mundial.
Ela iniciou o ciclo dos Jogos de Paris com o título do Grand Slam nos Emirados Árabes Unidos. Ela também foi ao pódio nos Jogos Pan-Americanos de Santiago.
Na primeira competição que disputou em 2024 (no início de março), faturou o ouro no Grand Prix de Linz, na Áustria.
Agora, foi coroada com ouro na Olimpíada .
Fonte: BBC
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