Muitas marcas, com o tempo, passaram a referir o próprio produto. Gillette (lâminas de barbear), Bom Bril (lã de aço), Frigidaire (geladeira), Fanta (refrigerante de laranja), Fratelli Vita (guaraná), Zippo (isqueiro), Lambreta (moto), Chiclete (goma de mascar). E Leite Moça (leite condensado). Que como tantas outras invenções, nasceu por acaso. Deu-se que o americano Gail Borden, em 1856, tentava um jeito de facilitar o transporte e o armazenamento do leite. Teve, então, a ideia de desidratá-lo. E notou que, antes de ser transformado em pó, esse leite condensava. Surgiram assim, ao mesmo tempo, leite em pó e leite condensado – duas grandes invenções da culinária. Não lhe deram importância, por essa época. Cinco anos depois, começou a Guerra de Secessão Americana. E esses leites foram muito úteis – por ser fáceis de transportar e sobretudo por se conservar, nas latas, por muito tempo. Borden ficou rico. A partir de 1867 esse leite condensado começou também a ser fabricado em Cham (Suíça) pela fábrica “Anglo Swiss Condensed Milk Co” – do também americano Charles A. Page. Na cidade vizinha de Vevey estava um concorrente seu, a “Société Nestlé”. Mas o Dr. Henri Nestlé tinha, por essa época, preocupações apenas humanitárias. Queria encontrar soluções para o problema da desnutrição infantil. Depois de muita pesquisa, afinal encontrou uma fórmula simples e eficiente – a farinha Láctea, que chegou ao Brasil em 1876. E, mesmo sem querer, também ficou rico.
Mais tarde, as duas empresas acabaram se fundindo sob o nome Nestlé. Tendo como produto de maior prestígio, aquele leite condensado. No rótulo, desenho de uma moça vestida com traje típico de camponesa suíça, carregando baldes de leite. A marca variava, dependendo do lugar – “Milkmaid” (países de língua inglesa), “La Laitère” (França), “La Lechera” (países de língua espanhola), em todos esses casos significando sempre “vendedora de leite”. Ou, apenas, “Condended Milk – Milkmaid brand”. Assim chegou ao Brasil. Em 22 de janeiro de 1890 O Estado de São Paulo trazia, entre seus classificados, um anúncio discreto – “Desembarcou no Brasil, e está à venda a varejo e a grosso, na drogaria São Paulo, na Rua São Bento, um novo produto – o Condended Milk – Milkmaid brand”. A dificuldade em pronunciar o nome acabou levando o povo a chamá-lo só de a “Lata da Mocinha” – referência obvia à ilustração da camponesa. Em1921, começou a ser fabricado em Araras, interior de São Paulo. Chegou aqui como bebida. Uma alternativa ao leite tradicional. Devia ser misturado com água, antes de oferecido às crianças. Mas, em pouco tempo, acabou sobretudo usado na preparação de sobremesas – beijo, brigadeiro, cajuzinho, cocada, doce, pudim, cobertura e recheio de bolos. Em 1934, chegaram as primeiras geladeiras. Passando, a ser usado também na preparação de cremes, pavês, musses e sorvetes. Certo é que o Leite Moça revolucionou a doçaria brasileira. Por permitir grande economia de tempo, na preparação dos pratos. Quando começou a ser fabricado aqui, era “Leite Condensado Marca Moça”. Depois, “Leite Condensado Moça”. Mais um pouco, “Moça – leite condensado”. Acabou sendo, apenas, “Moça”. E precisa mais?
RECEITA: SORVETE DE MARACUJÁ
INGREDIENTES:
2 latas de leite condensado
2 caixas de creme de leite
2 latas (do leite condensado vazia) de suco concentrado de maracujá (sem sementes)
PREPARO:
· Bata no liquidificador leite condensado, creme de leite e suco de maracujá. Leve ao freezer.
· Cubra com calda feita com suco concentrado de maracujá (com as sementes) e açúcar.
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Fonte: Folha PE
Autor: Letícia Cavalcante
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