- Mariana Schreiber – @marischreiber
- Da BBC News Brasil em Brasília
O ministro aposentado e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, que declarou voto em Jair Bolsonaro (PL) em agosto, disse à BBC News Brasil que o “desejado seria ele reconhecer a derrota” para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e “até ligar para o eleito e cumprimentá-lo”.
Até o início da tarde desta terça-feira (1/11), o presidente ainda não havia feito esse gesto, uma postura que contraria os protocolos normais de uma democracia.
As vias começaram a ser desmobilizadas pelas forças de segurança nesta terça-feira, cumprindo decisão do STF, após inúmeros vídeos dos bloqueios mostrarem uma atuação complacente por parte da Polícia Rodoviária Federal com os manifestantes.
Mello, porém, não viu responsabilidade de Bolsonaro na mobilização de seus apoiadores.
“Eu acho (os bloqueios) algo extravagante, condenável, porque interfere na vida de N pessoas. Esse bloqueio foi algo assim realmente condenável. Mas isso não resultou da postura (do presidente), porque foi logo que o Tribunal Superior Eleitoral divulgou o resultado. Não é algo orquestrado pelo governo, não é”, disse Mello.
Em entrevista ao portal de notícias Uol em agosto, Mello disse que votaria em Bolsonaro contra Lula. Na ocasião, ele afirmou não ser “bolsonarista”, mas, em sua opinião, o atual presidente buscou “dias melhores”.
À BBC News Brasil, Mello disse que votar no petista após ele ser condenado por crimes contra a administração pública “trairia” sua trajetória.
“Mas, página virada, os eleitores o escolheram e será presidente dos 215 milhões de brasileiros, entre os quais eu me incluo”, afirmou o ministro aposentado.
Lula foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em dois processos da operação Lava Jato. Essas condenações, porém, foram anuladas pelo STF.
A Corte entendeu que os casos não deveriam ter tramitado em Curitiba, já que os crimes dos quais Lula era acusado não teriam ocorrido lá. Além disso, o Supremo entendeu que o então juiz Sergio Moro agiu com parcialidade contra o petista.
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